Pensei um bom bocado antes de vir aqui escrever isto, mas ir-me-ia claramente ficar atravessado e portanto, nem que seja numa perspectiva de catarse, tenho de o fazer.
Não vos vou mentir, tem-me irritado bastante o conteúdo e linha geral de alguns
posts aqui colocados e de muita coisa que li pela blogosfera nesta fase de mudança de treinador do Glorioso.
O que é que me irrita? Irrita-me sobremaneira verificar mais uma vez que os maiores inimigos do Benfica são alguns benfiquistas esquizofrénicos que transportam a sua frágil condição emocional para as considerações que fazem à equipa e ao clube. Malta sem espinha dorsal, que acha que quando a equipa não ganha tudo se deve colocar em causa. E que quando o Benfica ganha, de repente tudo está bem. Gente que entrou em profunda depressão quando o Benfica empatou com o Guimarães em casa e que, estupidamente, atirou coisas como ‘se fosse o F. Santos a tirar dois avançados no final do jogo, era crucificado’ (a parvoíce subjacente a esta afirmação é, honestamente, inexplicável), ou que acusou o LFV de festejar golos dos adversários, antes da saída do Engenheiro. Gente que, de forma absolutamente infundada e profundamente injusta e precipitada, sem matéria de facto que o sustente, atira que o Coentrão, o Adu, o Cardozo, por exemplo, não prestam.
Irrita-me a ingratidão flamejante desta gente que, subitamente, acha o LFV um incompetente agarrado ao poder porque cometeu um erro. Agora, de forma estúpida e mal formada, acusam-no de ser sócio do Sportem e do FC Porco, e esquecem-se da revolução que o clube viveu desde que Vilarinho e LFV pegaram no mesmo. Queriam o quê, o Vale e Azevedo de volta? O Damásio?
Esquecem-se do gigantesco trabalho de recuperação da credibilidade, do hercúleo esforço para devolver ao Benfica a grandeza também nas suas estruturas, da genial recuperação financeira (de uma situação que raiava a ruptura, em risco de ficar sem património - e acreditem, mas dois meses de Vale e Azevedo e não teríamos nenhum) para o tornar, de longe, o clube melhor gerido a nível financeiro, do aproveitamento do gigantesco potencial de uma das melhores marcas do mundo para gerar uma base de receitas estável e em crescendo na lista dos 20 clubes com mais receitas no mundo. Esquecem-se que LFV levou o clube à conquista de um campeonato contra tudo e contra todos passados 10 anos de mentira e corrupção generalizada no futebol português e esquecem-se, sobretudo, que o LFV tem batalhado de forma incansável pela conclusão do processo Apito Dourado, contra tudo e todos, e com grandes custos a nível da sua vida pessoal e reputação. Não fora o seu trabalho no sentido de evitar que o Apito Dourado caísse no esquecimento e no sentido de pedir explicações a um Estado laxista, irresponsável e conivente com o sistema, representado sobretudo através de um Secretário de Estado do Desporto profundamente mal formado e incompetente, e provavelmente não haveria qualquer investigação a fundo, mesmo com livros da anterior concubina de Porco da Costa. Sim, porque o Sportem, esse, vai assobiando para o lado à espera que lhe caiam no colo as migalhas que lhe têm caído como resultado da sua condição de agente passivo. Como resultado, não se enganem, da canalha aliança efectuada desde os tempos do Roquette com a máfia do FC Porco - como foi denunciado pelo João Rocha - no sentido de afastar o Benfica do topo do futebol nacional.
(A este nível, imaginem que o lance que antecedeu o golo que sofreram contra o FC Porco se tinha dado contra o Benfica. O que não seria, o que não vomitariam, o circo que não montariam, as suspeitas que não levantariam. Como foi num jogo com os velhos compinchas do FC Porco, está tudo bem, a malta leva na desportiva. O treinador nem tece considerações, a Avestruz de Alvalade faz uns comentários
low profile a ver se não chateia o Papa.)
Sim, LFV é o grande responsável pela actual situação desportiva que se vive no Benfica. Sim, LFV cometeu um erro de casting absolutamente inexplicável ao contratar Fernando Santos (não percebo nem nunca irei perceber o racional da contratação do Fernando Santos). Sim, LFV é o responsável pela gestão inexplicável das entradas e saídas desta época. Sim, LFV tardou em dispensar o Engenheiro (o ideal seria, como é particularmente óbvio, no final da época passada). Sim, LFV, em suma, errou de forma gritante na vertente desportiva nos últimos 13 meses.
E sim, pode-se fazer um trabalho imaculado a nível financeiro, que se não se fizer o mesmo a nível desportivo (que é o motor da actividade do clube), esse trabalho está minado a médio prazo.
Mas não consigo perceber esta corrente de pensamento que agora considera que o despedimento do Fernando Santos foi uma má opção. Aposto que os mentores desta linha de pensamento eram os mesmos que levavam lenços brancos para o estádio. Haja sentido de benfiquismo, senhores. Segundo esta teoria, mais vale não corrigir um erro do que corrigi-lo tarde.
Porque, dizem os defensores desta teoria, ‘substituir um treinador que fez a pré-época, e romper com os automatismos, hábitos e sistema de jogo já assentes é ter de começar tudo de novo, e caminhar outra vez rumo ao fracasso’. Mas, e agora pergunto eu, quais ‘automatismos’, quais ‘hábitos’, qual ‘sistema de jogo’??? A equipa, cada vez que jogava, parecia que era constituída de 11 tipos que se tinham visto pela primeira vez, caramba! Deixem de ser hipócritas, cínicos e agentes da desgraça.
Gente de pouca fé.
Não pactuo com este tipo de teorias apocalípticas assim como não pactuo com endeusamentos idiotas.
A decisão de trazer o Camacho de volta é tardia, mas é o melhor que se podia fazer para salvar a época.
Não se vê ainda no futebol jogado – quem no seu perfeito juízo o esperaria, passados 3, 4 ou 5 dias de trabalho – mas vê-se na garra, no querer, no espírito, na capacidade de sofrimento, nos tomates, caraças. Nos tomates, f***-se (e nos tomates não quer dizer jogar ao ataque como loucos, significa lutar por cada bola como se fosse a última das suas vidas)! Quem não vir isto, não vê nada.
Viu-se já contra o Guimarães na postura e atitude, viu-se claramente contra o Copenhaga. Viu-se na luta, viu-se no não desistir nunca, viu-se na capacidade de entreajuda. Sim, houve sorte contra estes últimos. Mas a sorte busca-se, a sorte merece-se, a sorte bafeja os audazes. Já não há a nuvem negra por cima da equipa, o estigma do azar, da infelicidade e – pior – da impotência e fatalismo. Já não há um arauto da desgraça com um ar de coitadinho, conformado com a sua (falta de) sorte a transmitir energia negativa. Há, finalmente, energia, voz de comando, inconformismo, porra! Porra!
Não espero milagres. Vamos ganhar jogos, vamos empatar jogos, vamos perder jogos. Mas confio, tenho a esperança, que nos que empatarmos e perdermos vou ter orgulho da equipa e de quem a comanda do banco. E não vou estar à espera desses jogos, como os arautos da desgraça, para começar novamente com as teorias do apocalipse e da desgraça.
Haja união. Sejam benfiquistas a doer, com tudo o que isso acarreta.
Caramba.
Viva o BENFICA. Sempre.