Indelével. Inolvidável. Impressionante.
Além de serem três palavras parecidas, na forma e no conteúdo, também têm outra característica em comum, e que é a seguinte: no futuro, nenhuma delas será empregue para definir a época de 2006/2007 do Benfica.
Ontem escreveu-se apenas mais um capítulo na triste história que terá o seu final em meados de Maio. É, por todas as razões, uma altura tremendamente difícil para o adepto: por um lado, é virtualmente impossível ficar contente ou desejar uma derrota do seu clube, ainda para mais quando esse resultado significa a ultrapassagem na tabela classificativa por um dos seus rivais; por outro lado, colhe-se a sensação de que, quanto maior a tempestade, mais hipóteses há de a cúpula directiva se decidir pela substituição do treinador, fonte primeira de todos os males que assolam o futebol benfiquista nos dias que correm.
Ok, provavelmente estarei a ser injusto e, além do responsável pela entrada do Mantorras aos 45’ de jogo de ontem, dando-lhe mais minutos num jogo do que havia dado em quase toda a 1ª volta, curiosamente, ou não, logo após uma tomada de posição do jogador exigindo mais oportunidades, também há que alargar a critica ao responsável pela preparação (?) física do conjunto, pois é por demais evidente que, utilizando um português corrente “os jogadores não podem com uma gata pelo rabo”.
Essa seria, aliás, uma das minhas primeiras perguntas caso, por absurdo e megalómano que este pensamento vos possa parecer, me fosse dada a hipótese de estar cara a cara com o treinador da nossa equipa: “Quais as razões objectivas que estiveram por detrás da escolha de um jovem com pouco menos de 20 anos e sem qualquer tipo de experiência comprovadamente positiva nos anteriores clubes pelos quais passou na sua ainda curta carreira profissional, para liderar a preparação física de um conjunto como o do Benfica, que no início da época já sabia que este seria além do mais um ano tremendamente desgastante, pois além de se seguir a um Mundial também principiou 1 mês mais cedo do que os restantes clubes devido à pré-eliminatória da Liga dos Campeões? E qual a relação causa/efeito, se é que a houve, de o último nome desse preparador físico ser Moura?”
Acontece que o Fernando Santos não pediu a ninguém para vir treinar o Benfica, portanto a SAD e o seu responsável máximo, Luís Filipe Vieira, não se podem eximir à responsabilidade por tudo quanto se está a passar esta época e que apenas não tem originado manifestações de desagrado por parte da massa adepta do Benfica, porque a sinto muito amorfa e estupidamente entregue à sua sorte. Sorte esta que mais parece ter sido importada directamente da estória da Cinderela, porque não consigo imaginar sorte mais madrasta…
Não defendo chicotadas psicológicas a meio da época e concordo com quem diz que esta foi uma das grandes evoluções que o Benfica teve nas últimas épocas, ou seja a manutenção do treinador mesmo aquando do surgimento de 2 ou 3 resultados menos positivos. No entanto, cada regra tem sua excepção e se bem que, a acontecer, esta chicotada configuraria uma admissão de culpa por parte de Luís Filipe Vieira, responsável máximo na escolha de Fernando Santos, por outro lado só erra quem lá está e, ainda por outro lado (é um problema bicudo como já vimos, pois os lados são imensos), há que colocar os interesses do Benfica acima dos interesses pessoais e tenho para mim que neste momento o Benfica deveria começar a preparar a próxima época com um novo treinador, entregando ao Chalana a responsabilidade de orientar a equipa nos jogos que restam desta não indelével, não inolvidável e não impressionante, temporada.
Não queria, também, deixar de referir alguns pormenores de que me apercebi ontem no estádio:
- Katsouranis, acima (ou abaixo para ser mais preciso) de todos os outros, é aquele que me parece estar pior fisicamente. Chega a ser quase desumano obrigá-lo a jogar naquelas condições e quem apenas visse estes últimos 3 / 4 jogos ficaria com uma ideia completamente desfasada da realidade do valor que ele inegavelmente tem;
- Ovação para João Vieira Pinto. Não participei. Respeito todavia tudo o que fez pelo Benfica, teve o azar de, tal como eu (embora ele da parte de dentro e eu na parte de fora) estar presente na pior fase da história do clube e ,portanto, também não o apupei;
- Miguelito, provavelmente o pior lateral esquerdo da 1ª divisão. Não? Só pode, para ser preterido a um defesa central recém chegado ao futebol europeu e que só está a jogar devido à ausência de um dos centrais titulares, mas que nem por isso deixou de ser primeira opção para substituir o Leo quando chegou a hora de apostar na vitória;
- “Apostar na vitória”, estranho, pensei que tivéssemos que apostar neste resultado logo de princípio, mas admito estar equivocado e que aqueles 45’ iniciais tenham sido mais do que um longo bocejo;
- Antes do jogo com o Beira-Mar, Rui Costa não tinha, e passo a citar, “condições físicas para jogar 90 minutos”. Passados uns dias, e depois do comprometedor empate de Aveiro, milagre!!, já passou a ter condições para fazer não 90 mas 180 minutos, cumpridos no espaço de poucos dias, nos jogos disputados com Espanhol e Braga;
- Lembrete pessoal: passar a levar um lenço branco para a Luz. Além de servir para me assoar nesta época de constipações, nunca se sabe que outras insondáveis utilizações este utensílio poderá vir a ter (e se tiver dúvidas, pergunto ao Pedro F.);
- Voo da Águia Vitória: já estou como o outro que diz que hoje em dia, se queremos evitar sofrimentos e figuras tristes, o melhor é chegar ao estádio 30 minutos antes do jogo, aproveitar para meter a conversa em dia com os companheiros de sofrimento, assistir ao momento alto da noite e sair antes do árbitro apitar para o início da partida.