Assim, não posso deixar de destacar e de trazer a este blogue excertos de dois textos que li e que vos convido também a ler.
1) “Em defesa de Fernando Santos” é um texto de Bruno Prata no “Público” de hoje. Ao fazer a defesa possível de Fernando Santos, o autor do texto não deixa de reflectir sobre a falta de coerência (ainda que ele não a qualifique deste modo) dos jornais desportivos.
«A cabeça de Fernando Santos, mais do que posta a prémio, foi praticamente degolada pela imprensa desportiva no dia a seguir ao empate cedido pelo Benfica frente ao Braga. Trabalhos semelhantes publicados nos jornais A Bola e Record afiançavam não só que o técnico apenas escaparia ao despedimento caso garantisse o apuramento directo para a Liga dos Campeões (e o Record acrescentava que mesmo
isso "pode não chegar"...)
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Por outro lado, e mesmo tendo em conta que os jornais fizeram o seu trabalho, alguma coisa faltará explicar se levarmos em conta que os dois diários referidos e também O Jogo garantiam ontem que, afinal, Fernando Santos continua a ter o apoio
incondicional do presidente do Benfica. Bastou uma visita de Santos ao hospital onde Luís Filipe Vieira estava internado a recuperar de uma pneumonia para que as informações do dia anterior e as manchetes a toda a largura perdessem actualidade e dessem lugar a novas teorias e a notícias contraditórias e mais envergonhadas, mas, ainda assim, com destaque significativo nas primeiras páginas.
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Em apenas 15 dias, o Benfica estragou a carreira europeia e comprometeu a corrida ao título, deixando ainda complicado o apuramento directo para a Liga dos Campeões. Mas é bom ter também em conta que o mesmo Benfica efectuou esta época 14 jogos europeus, mostrou muita qualidade durante vários períodos da época, tem mais cinco pontos do que Ronald Koeman tinha há um ano e só falhou o título nacional porque não conseguiu melhor do que um empate na Luz com o FC Porto (alguém duvida de que com uma vitória nesse jogo jamais o Benfica sairia da liderança?). O balanço está longe de ser positivo. Mas podia ser melhor numa equipa em que o ponta-de-lança (Nuno Gomes) precisa de 313 minutos para marcar cada um dos seus parcos seis golos?» (link)
2) “De que falamos quando falamos de crise?” é um texto de LF no blogue “Vedeta da bola”. Neste excelente post, o autor provoca um conjunto de reflexões muito interessantes sobre a facilidade com que se atribui a responsabilidade do fracasso apenas ao treinador.
Aqui ficam alguns excertos, mas aconselho a leitura integral aqui.
«O Benfica não perde para o campeonato há 15 (!!) jogos. Trata-se da melhor equipa da segunda volta da nossa Liga, na qual conquistou, não esqueçamos, três pontos ao F.C.Porto. Continua invencível em casa para as provas nacionais, e mesmo nos sete jogos internacionais que realizou na Luz, apenas foi derrotado por um super-Manchester United, e, diga-se, com um toque de injustiça. Há muitos anos que os encarnados não tinham tantos pontos à 25ª jornada da Liga, contando inclusivamente com a época em que se sagraram campeões, título que, como sabemos, foi conquistado com uma das mais baixas pontuações de sempre, bem como com as épocas de Camacho e Koeman.
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Em vez de apostar no reforço da estrutura campeã, a direcção encarnada optou por lhe desferir mais uns golpes, dispensando Geovanni e deixando sair de forma estranha e mal explicada o talentoso Manuel Fernandes. Ao contratar Miguelito, Manu, Paulo Jorge, Diego Souza e Kikin Fonseca, o Benfica, mais do que reforçar, desestabilizou. Katsouranis foi a excepção que confirma a regra, e Rui Costa é um caso especial.
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O presidente do Benfica, que gosta de gritar muito alto que vai ganhar este mundo e o outro, que explora até à exaustão "fait-divers" como a entrada no Guiness, que fala quando tem razão e quando a não tem, devia ponderar sobre a forma como a sua equipa de futebol se tem vindo a desfigurar, do dinheiro mal gasto em contratações falhadas (quase duas dezenas desde o título) e da forma como o clube não soube ou quis manter elementos de grande qualidade (Miguel, Tiago, Manuel Fernandes, Geovanni) e outros que eram importantes ao nível do balneário. A conversa dos “novos-heróis” ou da espinha dorsal não passou disso mesmo, pois a convulsão tem sido constante, e restam apenas pouco mais de meia dúzia de jogadores do plantel campeão.» (link)
Para ler e reflectir.