O Benfica prolongou o mergulho, numa mistura bizarra entre um exercício sado-masoquista e um teste científico, até ao limite da reserva de oxigénio. Não é preciso arriscar o afogamento para perceber que não dá para respirar debaixo de água. Basta, se calhar, ter senso comum e atentar nas provas e experiência dos outros.
É, no fundo, como tocar num cabo de alta tensão para ver se dá choque. Dá, e não é preciso lá mexer.
Agora que o LFV sabe que algumas das verdades absolutas são mesmo verdade (como ‘treinadores incompetentes não servem para o Benfica’), não me parece ser necessário continuar a desafiar o destino.
Emergimos hoje de um mergulho longo e desnecessário. Respiremos fundo. A vida recomeça.
p.s.1 não esqueço, nem por um segundo, que as responsabilidades do que aconteceu nestes 13 meses não morrem no Engenheiro. O prolongamento do inadiável e a gestão imbecil das entradas e saídas têm outros responsáveis, hierarquicamente superiores;
p.s.2 O Camacho não é a cura para todos os males, nem se lhe pode exigir que o seja. Mas é um homem com carisma, é um condutor de homens, é um tipo com garra e com os tomates no sítio, que manda a mensagem certa cá para fora, que extrai o rendimento máximo dos jogadores. E que, por tudo isto, tem uma empatia especial com a alma colectiva benfiquista. Como se exige que um treinador do Glorioso tenha. Já sentia a falta dos berros desde o banco.