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segunda-feira, abril 30, 2007
Uns a quererem e a não poderem, outros a poderem e a não quererem

Com o avançar da tecnologia não deverá estar longe o momento em que possamos tirar fotografias sem o uso de qualquer aparelho e em que estas fiquem alojadas algures no nosso córtex cerebral. A memória disponível dependerá de cérebro para cérebro e, se bem que nada neste momento me faça pensar que terei um espaço extraordinariamente extenso para albergar essa informação, estou certo de que seria o suficiente para uma fotografia mental que eu tirei ontem e que explicaria melhor do que todas as palavras que possa utilizar o pensamento com que saí do Estádio da Luz e que tentei resumir de uma forma um pouco tosca, admito, no título deste post.

Como esse futuro ainda não chegou e é no presente que vos escrevo, não saberei enumerar com exacto rigor os nomes dos jogadores benfiquistas que vi, prostrados no relvado ou em posições de descanso, quando para o apito final do árbitro ainda distavam umas boas duas dezenas de minutos, após um qualquer lance em que a equipa havia sido apanhada em contra pé e sido posta em perigo num dos poucos contra-ataques do adversário na 2ª parte. No entanto asseguro-vos de que o que estes olhos viram e o proprietário dos mesmos concluiu foi que a equipa estava, mais uma vez, de rastos (e atenção que em alguns dos casos nem sequer estou a empregar o sentido figurado da expressão). Como não se antevia do banco qualquer assomo de sagacidade que alterasse positivamente o que se via dentro de campo, a vitória no jogo e o subsequente relançamento das aspirações da equipa no campeonato só seriam possíveis através de um qualquer lance fortuito. E já sabemos todos (sabemos, não sabemos?) que as palavras 'sorte' e 'Fernando Santos' não rimam.

É-me, no entanto, tremendamente difícil compreender o processo mental de um treinador de futebol que leva a que ele opte por insistir em colocar, ou deixar em campo, jogadores completamente exaustos ao invés de os substituir por outros, frescos. Além de matar completamente qualquer réstia de moral e auto-motivação que os jogadores não titulares tenham ou pudessem ter, a própria mensagem que transmite para dentro e fora do campo está muito perto de atravessar a linha que separa a impotência da incapacidade.

Explicando: se ontem, por exemplo, e não me querendo, de todo, colocar na pele dos sportinguistas (blharc), visto que, se o fizesse, seria obrigado a questionar o rumo que o meu clube estava a ter pois, com condições perfeitamente vantajosas para se colar ao primeiro lugar, a equipa e o meu treinador, e arrisco-me a juntar-lhes os próprios dirigentes e os adeptos, preferiram uma toada de contenção que, mais do que a conquista de um ponto, me pareceu a perda de dois; como eu dizia antes deste devaneio clubístico, se ontem do outro lado houve uma equipa que não se importou de colocar uma série de jovens, alguns deles talentosos e com futuro, outros nem tanto e outros ainda que nem me parecem ter presente e/ou futuro, será que o Benfica (pois apesar de não parecer, é deste centenário e muitas vezes glorioso clube de que vos escrevo) e o seu treinador caíam na lama se um João Coimbra ou um Beto ou um Miguelito ou um Derlei ou um Paulo Jorge, eu sei lá, se ALGUÉM com duas pernas e com um passado de jogador que falasse por si - que, portanto, estava ali equipado porque, de facto, em tempos havia tido exibições que provocaram o interesse e posterior aquisição por parte do clube - fossem lançados para dentro de campo para subtrair ao jogo uma das várias camisolas que, parece-me a mim, permaneceram em campo basicamente porque nas suas costas estavam escritos os nomes de jogadores que no início da época disseram ao senhor que estampa as ditas: “ Olá, muito prazer, o meu nome artístico é “x”, “y”, ou “z” “?

É sintomático, no entanto, [sintomático para não lhe chamar triste, incompetente ou risível] que, às tantas, no decorrer dos últimos jogos dê por mim a suspirar por alguns dos jogadores que foram dispensados em Dezembro e que muito jeito poderiam vir a dar neste desgraçado final de época. Tanto assim é que estou tentado a, para o ano, além dos habituais pedidos ao Pai Natal de um carro telecomandado, um saco de berlindes e a subscrição anual dos livros do Tio Patinhas, também pedir encarecidamente aos dirigentes do meu clube que não façam qualquer mexida na equipa. Só quem não se recordar das movimentações do Benfica nas últimas reaberturas do mercado de futebol é que pode estranhar este meu pedido.

Entretanto começa-se a interiorizar no meu cérebro inibido, que continua de armazenar e divulgar fotografias mentais como pudemos constatar logo no primeiro parágrafo, a ideia de promover uma venda de rifas cujo prémio único será a aquisição de um lugar cativo para a época de 2007/08 para o “mujahidin” que actual e desgraçadamente se encontra sentado 3 filas atrás de mim. Vocês, que se encontram num raio de aproximadamente 20 m2 de mim, na Bancada Sapo, 3º Piso, sabem do que eu estou a falar e estou certo que não deixarão cada um de adquirir a sua rifa.

E esta dor de cabeça que não me larga.


p.s. aos que buscavam uma crónica detalhada sobre o que se passou no jogo de ontem, aconselho uma visita, que nesta altura já deveria ser obrigatória para todo o benfiquista que se preze, ao blogue de um dos meus companheiros de escrita aqui na "Tertúlia", e que pode ser encontrado ao digitarem as palavras http://spiny-norman.blogspot.com/ no vosso browser.

 
por Superman Torras - 18:21 | link |


9 comentário(s):


Data do comentário: 30/04/2007, 18:44:00, Blogger rsa

É os jogadores estão fisicamente de rastos e psicologicamente também não devem andar longe,vi o jogo pela TV e cada vez que focaram a cara do engenheiro enfim .....
O mais triste é que engenheiro continua a falar em sorte em fé enfim se ele ficar para o ano mais do mesmo.

 

Data do comentário: 30/04/2007, 19:49:00, Blogger Pedro F.Ferreira

Alguém sabe qual é o brilhante currículo do nosso preparador físico? Proponho-vos uma pequena investigação. E, entretanto, comparem com o currículo dos preparadores físicos que o antecederam.
Lanço-vos outro desafio: comparem o número de treinos feitos esta época e os que foram feitos na época do "velho" Trap.
Um último desfio: vejam o currículo do Rosário e, particularmente, do Justino.
Investiguem.

 

Data do comentário: 30/04/2007, 23:29:00, Blogger Ry

E quando é que apareces no sector 24, fila X? :)

 

Data do comentário: 01/05/2007, 02:19:00, Blogger Superman Torras

Eu estou no sector 23, fila T, vê se apareces, mais que não seja para comprares uma rifa...

 

Data do comentário: 01/05/2007, 12:25:00, Blogger karadas

Depois de mais uma época desastrosa, os benfiquistas, como seria de esperar, entretêm-se a pedir a cabeça de Fernando Santos, por entenderem ser ele o responsável máximo pelo descalabro. Treinador que aterre na Luz tem sempre vida complicada. Desde logo, porque se não for campeão já sabe que não terá dos apaniguados benfiquistas a menor condescendência. É-lhe imediatamente indicada a porta da rua. E isto serve para qualquer treinador, seja ele quem for, ainda que tenha o melhor currículo do mundo. Os adeptos encarnados não são dados a conceder segundas oportunidades. Se falhou, ele que se vá embora e venha outro. Provavelmente teremos aqui uma das explicações para o recorrente insucesso dos últimos 20 anos.
Os últimos técnicos que passaram pelo Benfica, Koeman e Trapattoni, nunca caíram nas graças da massa adepta encarnada. Nem mesmo o italiano, com um currículo acima de qualquer suspeita e ganhando o campeonato que fugia há 11 anos. Curiosamente, os dois foram agora campeões na Holanda e na Áustria. Ou seja, não servem em Portugal mas noutros países conseguem resultados. Factos que nos levam a concluir que há aqui alguma coisa que não bate certo.
Para que não restem dúvidas: não gosto de Fernando Santos e desde a 1ª hora manifestei o meu desagrado pela sua contratação. Apesar disso, não o considero o principal responsável pela temporada decepcionante. Outros há com mais culpas no cartório e que não são chamados à colacção. É fundamental que se tenha consciência de que sem a resolução dos verdadeiros problemas a mudança de treinador não servirá de nada. Os resultados serão os mesmos e, no final da época, o técnico residente arrisca-se a ter o mesmo destino que os anteriores. Enquanto isso, os títulos que nós tanto desejamos continuarão a ser conquistados pelos nossos adversários.

 

Data do comentário: 01/05/2007, 23:11:00, Blogger dezazucr

Eu e outros Benfiquistas pedimos a cabeça do treinador por razões óbvias e às vista de toda a gente, só não vê quem não quer.

Por outra, no entanto, não escondo que a política desportiva quer em termos de contratações quer em termos de gestão de activos tem sido uma bela m... tirando uma medida que é muito do meu agrado que se relaciona com o manter do núcleo duro ano após ano.

Isso, realmente tem de mudar, e espero, rezo neste momento para que Veiga não volte pois sinceramente não vejo o que ele trouxe de bom.

 

Data do comentário: 02/05/2007, 15:01:00, Blogger Artur Hermenegildo

Estou basicamente de acordo com o que diz o "Karadas" no post acima.

Há 15 anos que nenhum treinador serve para os adeptos do Benfica, com excepção de Camacho, que terá caído no goto mais pela frontalidade do discurso e pelo seu papel num necessário "agitar de águas" do que propriamente por resultados concretos - e não me digam, como fez o SLB uma vez, que não ganho porque os regionais tinham o Mourinho.

1 - Não creio que Fernando Santos seja um grande treinador, e não fiquei satisfeito com a sua contratação. Acho essencialmente que lhe falta carisma e capacidade de liderança. Mas caramba, acham que Paulo Bento e Jesualdo têm mais? E mo entanto estão à nossa frente...
Se pudéssemos ir buscar um teinador do "top" mundial, estaria de acordo em substituir FS. Mas isso não é fácil; o nosso campeonato é pouco interessante, o Benfica não tem jogadores de topo na quantidade disponível nos melhores clubes espanhóis, italianos, ingleses, a disponibilidade financeira não +e grande. Porque é que um Eriksson ou outro equivalente viriam?
Portanto, penso que FS deveria ficar. Há 15 anos, mais coisa menos coisa, que nenhum teinador faz duas épocas inteiras seguidas no Benfica. Demos uma oportunidade ao homem.

2 - De quem á a "culpa" da nossa época decepcionante? Se calhar, não há nenhuma "culpa". O campeonato está a ser equilibrado entre os três grandes, bastava terem entrado uma das muitas bolas para golo dos jogos com o Boavista e o Braga, por exemplo, para estarmos em cima do 1º lugar.
Ou então há que assumir que a culpa será da falta de dinheiro, que não nos permite ter, como devíamos, um grande goleador, ou 11 jogadores suplentes do mesmo nível dos titulares.

3 - Concordo que terão sido feitos alguns erros nas contratações e gestão do plantel. Mas conhecem alguma equipa do mundo que não os faça? Uma coias, legítima, é apontar esses erros outra diferente é vir procurar bodes expiatórios com base nos mesmos.

 

Data do comentário: 03/05/2007, 12:53:00, Blogger bem litrado

Como parece unânime, também não gosto do Fernando Santos como treinador. Esta unanimidade é de facto impressionante. Não há ninguém que diga bem do homem?
Relativamente ao que escreve o Karadas, acabo por concordar com ele. Apenas refiro que o Trap saiu por vontade própria, o mesmo acontecendo com o Koeman. Mas não há dúvida que a vida dum treinador no Benfica nunca foi nem nunca será fácil. É próprio de um clube que quer ganhar sempre mas que não tem sabido criar as condições para isso.
Relativamente a esta época, acaba por aqui sobressair outra particularidade: a falta de trabalho associada à incompetência gritante e escandalosa do departamento médico e preparação física da equipa. Ora, a falta de trabalho é algo que não se pode perdoar, nunca.

 

Data do comentário: 03/05/2007, 14:21:00, Blogger Artur Hermenegildo

Gostava de lançar um desafio aos participantes nesta tertúlia, mais para nos divertirmos do que outra coisa.

Jogadores do nosso campeonato que pudessem interessar ao Benfica.

Proponho alguns nomes:

1 - Defesa direito - não vejo ninguém "de caras", mas talvez o Luís Filipe, do Braga.

2 - Médio defensivo - Andrés Madrid

3 - Médio interior - Kamercziak

4 - Avançados - Robert Linz, Chmiet, José Carlos, Daddy, Edgar (o puto do Beira-Mar).