Como treinador de bancada, ontem vi um Benfica que vive do querer, da vontade e da entrega de todos os que estiveram em campo e do talento de muitos dos que estiveram em campo. Tenho a sensação de que os nossos futebolistas aprenderam onde se colocar em campo, mas que, depois, aquilo não sai. Parece que a equipa está a vestir um fato que lhe não serve. Chega a ser confrangedor ver como a entrega de futebolistas da estirpe de Léo, de Rui Costa, de Petit ou de Miccoli se esbate perante o nada que é a concretização prática das, certamente belas e envolventes, teorias, tácticas, ideias, conceitos ou seja lá o que for que o treinador tenta implementar. Dizem-me que é a “táctica do losango”. Mas que raio de coisa é essa? É a disposição de quatro jogadores no meio campo e as consequentes movimentações de todos os outros em função desses quatro? Não sei. Sei que, ontem, os rapazitos da outra equipa até iam sabendo o que fazer à bola quando a tinham. Os nossos viviam do querer, da vontade e do talento. Ontem, não empatámos devido à táctica, nem apesar da táctica do losango à F. Santos. Tal como não perdemos este campeonato devido à táctica ou apesar da táctica do losango à F. Santos. Isso seria dar demasiado crédito a uma coisa que ainda ninguém percebeu muito bem o que é.
Assim, tenho de agradecer aos futebolistas este terceiro lugar, tal como tenho de lhes agradecer o empate de ontem. Se eles fossem futebolistas da estirpe dos nossos adversários, estaríamos ainda numa posição pior. Uma vez que são de qualidade e entrega acima do comum, colmatam a falta de orientação da equipa e conseguem levar o Clube até ao terceiro lugar.
Como este post provou à saciedade, de tácticas não percebo e, certamente, cometi muitas injustiças neste arrazoado de prosa.
No entanto, de estratégias tenho, perdoem-me a imodéstia, algum conhecimento. Sei que a estratégia de um Clube é definida pela Cabeça do mesmo. Se a Direcção considera que isto é táctica para manter, então a estratégia seguida parece-me profundamente errada. Se a Direcção do Clube decidir manter, para a próxima época, este responsável pela mísera época que estamos a fazer, passa então a ser um erro estratégico. Esses (os erros estratégicos) são mais perigosos e pagam-se muito caro. A Direcção pagará caro esse erro em futuras eleições e o Clube pagá-lo-á com mais um ano a adiar a vivência da sua real dimensão. Este último é o custo que me preocupa.