Acima de tudo, os que criticam o Berardo estão a fazê-lo com base em transcrições por parte de uma comunicação social que, se não estou em erro, é dominada pelo Joaquim Oliveira. E aqui levantam-se logo suspeitas. A OPA e esta movimentação à volta da OPA lançada pelo Berardo, à partida é prejudicial aos interesses económicos do Oliveira que detém 49% da Benfica Multimédia e 4% da SAD cujas acções foram cedidas pelo proprio presidente benfiquista. Quem comparar as transcrições nos jornais com as declarações do Berardo em voz própria, salvo erro na Sic Noticias, vê-se que essas transcrições do Berardo foram empoladas e, pior que isso, algo deturpadas pela amplitude que deram à opinião dele em relaçao ao Rui Costa e sua utilidade em campo, pois viram ali matéria mais que suficiente para colarem uma imagem negativa ao empresário. Eu não estou a defender o Berardo. O que quero dizer com isto é que às vezes há 2 pesos e 2 medidas nas criticas que se fazem à comunicação social, por inventar e deturpar historias e vender tanto à conta do Benfica, e agora, porque alguem deu a sua opinião que se nota ter sido empolada em relação a um jogador querido dos adeptos, esse argumento já não se coloca. Em relação às criticas em si, não discordo do que o empresário disse. Discordo sim é da forma como o fez, publicamente, e especialmente se ele diz que não percebe nada de bola então ainda mais escusado era dizê-lo em público. Ha opiniões que só têm um lugar: no eloprivado de cada um. Pessoalmente falando, é certo que as lesões do Rui o impediram de ter um papel mais protagonista na equipa, mas sou de opinião que nesta altura a importância e peso dele no Benfica de hoje seria muito melhor aproveitada em cargos directivos do que no campo. Ao contrário do que alguns dizem, eu não quero Eusébios, Colunas, Chalanas e Humberto Coelhos, ao lado dos quais colocam o Rui Costa. Eu quero é Simão Sabrosas, Luisões, Petis e aqueles que de facto já nos deram coisas que não conquistavamos há uns valentes anos, que têm muito a dar ao Benfica e que já nos deram provas que querem continuar a dar. E especialmente, queria alguém no Benfica que não desbaratasse um dos activos mais importantes de um clube, que são os jovens jogadores. Os casos do Moreira e do Manuel Fernandes, deixam-me estupefacto como podem permitir que aconteça. E há outros jogadores promissores que foram chamados por treinadores anteriores que deixaram de o ser praticamente de um momento para o outro. Não pode ser assim. O que quero dizer com isto? Que é normal e salutar haver espaço para a emoção, ou não fosse a bola um desporto que lhe dá lugar como mais nenhum outro. Mas que há alturas em que não nos podemos agarrar ao passado para justificar situações presentes. Para isso, temos uma história e um historial glorioso que jamais deve ser esquecido, mais que não seja para nos guiar em relação a um futuro que, sejamos paradigmáticos, por força do futebol moderno muito dificilmente será do nível de outrora, mas que podemos lutar pelo nosso lugar, isso é um direito que nos assiste quase forçosamente.
Por outro lado, achei interessantíssimo o comentário que foi feito atrás, sobre possiveis ligações entre o Oliveira e o Berardo. Era muito útil que se pudesse averiguar isso e, principalmente, os principais interesses do Berardo, pois do Oliveira já sabemos quais são. Sendo certo que não nos podemos esquecer de vários aspectos. Ambos detêm percentagens muito interessantes de acções da PT que lhes permitem ter posições qualificadas. No que toca à PT Multimédia, o peso do Oliveira é considerável e daqui se perceba melhor porque razão o Canal Benfica tem as negociações paradas. O que não se percebe é porque ninguém do Benfica questione este processo estagnado. O Berardo é o empresário com maior fortuna feita à conta da menor produção. A grande maioria do dinheiro que ganhou não foi a produzir coisa alguma, foi no mercado bolsista e a ganhar dinheiro à conta do trabalho dos outros. E isto é um ponto que nos pode ajudar a perceber melhor as verdadeiras intenções dele. Eu acho que ninguem joga tantos milhões por benemérito a um clube. Essas coisas fazem-se, quanto muito, com instituições de solidariedade por várias razões que para agora não interessam enumerar. Ninguém investe na bolsa para perder dinheiro e os impulsos do Berardo, como qualquer investidor, não vão ser com o objectivo de não ganhar. E uma coisa é ter as acções nas mãos do Benfica e de pessoas em quem confiamos plenamente por força do seu benfiquismo. Outra coisa é ter as acções nas mãos de um investidor que agora que lhe está a cheirar a dinheiro, é que aparece com o intuito de “ajudar o Benfica” quando na verdade, há 10 anos atrás, o interesse dele em fazê-lo nunca se revelou. E nunca esquecendo que, quem joga na bolsa desta forma, pode vender as acções ao Oliveira, já pensaram nisto? Ganhava o Berardo com a mais valia da venda que é o objectivo final de um investidor e o Oliveira ficaria com o maior clube português nas mãos de modo a não perder a galinha dos ovos de ouro a partir de 2013 qd terminar o contrato dele das transmissoes televisivas. É que o peso destas receitas nos grandes clubes europeus é de quase 50% e no Benfica pesa uns meros 10% no orçamento. No meio disto tudo, a questão que se coloca, é de que forma o Benfica pode beneficiar com isto. E eu aqui tenho as minhas dúvidas, principalmente pelo facto da OPA vir de quem vem e com os intervenientes directos e indirectos que se lhe afiguram.
Desculpem o testamento, não costumo comentar aqui por isso acaba por valer por todas as outras vezes.